segunda-feira, 31 de março de 2014

Primeira reunião do GT Racismo PMPE em 2014


O dia 27 de março (QUI) foi especial para o GT Racismo PMPE. Os componentes do grupo tiveram a oportunidade de assistir a uma palestra ministrada pelo Sacerdote Omorisà L'Osùn e Juremeiro Alexandre L'Omi L'Odò, que também é Estudante de História na UNICAP, Músico/Percussionista, Arte-educador, Pesquisador, Produtor Cultural/Fonográfico, Gestor Cultural e Exotérico Holístico. Além de fazer parte do Comitê Nacional de Respeito a Diversidade Religiosa da Presidência da República.
Alexandre L'Omi L'Odò falou sobre a questão da situação do negro no Brasil. Um país onde muitas pessoas ainda insistem em acreditar e afirmar que existe uma democracia racial, baseando-se em Gilberto Freyre e a sua fantasia da "Casa Grande e Senzala".
Alexandre trouxe ainda um documentário sobre Malunguinho, o qual fala sobre o momento histórico da criação da Polícia Militar de Pernambuco. Criação essa que aconteceu para debelar uma das maiores áreas quilombolas existente em nosso Estado. A população negra sedenta por liberdade, desejosa de deixar de sofrer com o tratamento desumano e extremamente violento dedicado às pessoas escravizadas se fixou nas matas existentes desde Olinda, onde hoje é Peixinhos, até o Município de Goiana. Eram mais de 4 quilombos naquela região. Não há como precisar a quantidade de pessoas que moravam lá.



                      


Território quilombola no Século XIX
Foram cerca de 30 investidas das milícias em quase 20 anos de existência quilombola. Todas sem sucesso. Para conseguir vencer o desejo de liberdade dos negros, foi necessário que as milícias se organizassem. Foi nesse contexto que nasceu a nossa Briosa PMPE. Infelizmente a PMPE já surgiu para combater a população negra, que na época era tida como criminosa e subversiva. Esse calo permanece até hoje na atuação da nossa instituição. 
Malunguinho - líder
guerreiro e espiritual

Onde, devido ao imaginário social, alguns policiais militares teimam em considerar a cor da pele como fator de suspeição. Isso foi verificado cientificamente por meio de uma dissertação de mestrado realizada pelo, então, Major PM Geová. Mas é importante frisar que esse imaginário social que prejudica a visão com relação a população negra não é privilégio da polícia e sim de toda sociedade. Que aprende desde criança por meio de "brincadeiras" e de mensagens que são repassadas de geração em geração, a ter preconceitos e discriminar as pessoas que possuem mais melanina na sua pele.
Após a explanação de L'Omi, o debate foi bastante instigado e foi um momento de profundas e fecundas reflexões por parte do grupo presente.

Ao final, a Capitã Lúcia Helena ainda passou um pequeno vídeo sobre Racismo Institucional, que foi lançado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em comemoração aos 11 anos de existência e de trabalho do GT Racismo daquela instituição. Além de entregar um certificado de agradecimento ao palestrante, com a ajuda do Cabo BM Edvaldo e do Soldado PM Jozivan, ambos integrantes do GT Racismo PMPE.
Além dos policiais e bombeiros militares que compõem o GT Racismo PMPE, participaram ainda da reunião duas profissionais que atuam com o Projeto Governo Presente, com ações realizadas na área do 19º BPM.

O GT Racismo agradece a Alexandre L'Omi L'Odò pela frutuosa explanação dada a nossa tropa, assim como a todos/as os membros do GT Racismo que puderam estar presentes na reunião.

GT Racismo PMPE no combate ao racismo institucional!!!

GT!!!

Um comentário:

  1. Para mim foi um imenso prazer trocar saberes com pessoas tão dispostas a discutir o tema RACISMO e INTOLERÂNCIA RELIGIOSA. Me disponho a colaborar em outros momentos. Como palestrante ou como participante de atividades que venham a contribuir no avanço da luta contra o racismo na Polícia Militar.

    Salve a Jurema.

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