terça-feira, 19 de novembro de 2013

Caminhada dos Terreiros 2013


A Caminhada dos Terreiros 2013 iniciou as atividades do mês da consciência negra, comemorada no dia 20 de novembro, relembrando a morte de Zumbi. 
Zumbi foi um líder guerreiro que esteve à frente da resistência dos negros ao sistema escravista que maculou sobremaneira a história do Brasil por mais de 300 anos. A força dessa luta pela liberdade fez surgir o Quilombo dos Palmares, maior
Na sua sétima edição, a caminhada dos terreiros reuniu milhares de pessoas que exaltaram a Deus e aos Orixás com cânticos e com a música característica da cultura e das Religiões de Matriz Africana.

Toda a linda festa que foi encenada por adeptos e "simpatizantes" do Candomblé, da Umbanda e da Jurema Sagrada seguiu acompanhada de um pedido de respeito da sociedade para com as comunidades de terreiros.
A intolerância religiosa faz vítimas e criminosos. O Brasil não possui religião oficial. De acordo com a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 5°, inciso VI: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”.

Já no Código Penal, o artigo 208 traz que: “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”. A pena para o crime é de detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa. O Parágrafo único diz que “Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente violência”.

Óbvio que isso não significa que os templos religiosos, seja de que entidade forem, possam abusar deste direito perturbando demasiadamente o sossego dos vizinhos, passando noites inteiras no exercício dos seus ritos. Há de se haver um entendimento para que ambos tenham sua liberdade de crença e seu sossego garantidos.
O evento, organizado pela Associação da Caminhada dos Terreiros, reuniu Babalorixás, Iyalorixás de Pernambuco e de outros estados do Brasil, seus filhos e filhas, membros da própria associação, a exemplo de Marcos Pereira, Mãe Elza de Iemanjá e Marta Almeida (MNU), diversas autoridades, a exemplo do Deputado e Secretário de Transportes estadual Isaltino Nascimento, do Promotor de Justiça da Promotoria de Direitos Humanos, Dr. Wester, Inaldete Pinheiro, pesquisadora e escritora do Movimento Negro, Jorge Arruda, Secretário Executivo do Comitê Estadual de Promoção de Igualdade Racial (CEPIR), a Tenente Coronel RRPM Verônica, ex-coordenadora do GT Racismo da PMPE e a Capitã PM Lúcia Helena, atual coordenadora do GT, entre outras. Conforme solicitado pela organização da caminhada,
policiais e bombeiros militares do 16º BPM e do GT Racismo PMPE se fizeram presentes visando proporcionar segurança aos participantes do evento. 

A caminhada aproveitou para sublinhar a necessidade dos estabelecimentos de ensino ensinarem a história e a cultura africana e afro brasileira, do nível fundamental ao superior, conforme determina a Lei nº 10.639/2003, que neste ano de 2013 completa 10 (dez) anos de existência e de negligência por parte das Secretarias de Educação dos Estados e Municípios do Brasil. Descaso que faz com que a maioria dos brasileiros cresça sem saber a história dos seus antepassados, sua cultura, sua fé, sua força, tendo em vista que mais de 52% da população do Brasil é negra (pretos e pardos), segundo censo por auto-defnição do IBGE/2010.
Esse desconhecimento gera o preconceito, o bulling nas escolas, gera a formação de uma identidade pautada na baixa auto estima das crianças negras que aprendem desde cedo que o negro “é escravo”, sem ter o acesso à informação correta e digna da importância da população negra para a construção do Brasil, seja estruturalmente, culturalmente, culinariamente ou religiosamente.

Parabéns a todos que organizaram e participaram de mais essa edição da caminhada dos terreiros de Pernambuco.

Confira algumas fotos do evento:





 Informações adicionais e importantes: 

Inaldete Pinheiro: Dentre os vários livros publicados, podemos destacar “Racismo e Antirracismo na Literatura Infanto-juvenil”, “Coleção Velhas histórias, novas leituras” e “A Calunga e o Maracatu”.

Isaltino Nascimento: Autor do Projeto de Lei que instituiu a Semana Estadual da Vicência e Prática da Cultura Afro Pernambucana (Lei nº 13.298/2007), conhecida como Lei Malunguinho.

MANIFESTO 2013






quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Ao Professor Juscélio Arcanjo

Professor, estou tentando responder seu comentário desde ontem, mas ele não aparece no blog... por isso decidi utilizar essa ferramenta (postagem) para me comunicar com o senhor.
Segue a mensagem resposta:

Olá, Professor Juscélio Arcanjo.
Ficamos felizes com seu comentário. Obrigada!
Seria uma grande satisfação estarmos juntos em Pesqueira no próximo dia 18/11.
O Sr. poderia nos enviar um e-mail para que pudéssemos discorrer mais sobre o assunto?
Grata,

Lúcia Helena - Capitã PM
(81) 3181-1293
pmpegtracismo@gmail.com
capitaluciahelena@gmail.com

terça-feira, 5 de novembro de 2013

GT Racismo se reúne no Quartel do Comando Geral


No primeiro dia do mês da consciência negra alguns membros do Grupo de Trabalho de enfrentamento ao Racismo Institucional da PMPE se reuniram para alinhar algumas ideias e deliberações, assim como atualizar conhecimentos e atividades que devem ser desempenhadas pelo grupo.


O trabalho do GT Racismo é de fundamental importância para o cumprimento das leis vigentes que versam sobre o racismo e a injúria racial, bem como para orientar os demais policiais militares quanto às consequências da intolerância religiosa e da prática do racismo institucional.

GT!


GT Racismo participa do aniversário de Mãe Amara


No dia 13 de outubro de 2013, aconteceu no Ilê Obá Aganjú Okoloyá, mais conhecido como Terreiro (Templo Religioso) de Mãe Amara, em Dois Unidos, o Culto ao Orixá Xangô Aganjú, patrono daquela casa.
Neste dia também foi comemorado o aniversário de Mãe Amara, uma das mais antigas Iyalorixás de Pernambuco, símbolo da resistência do povo negro e da religião trazida pelos africanos para as terras sulamericanas.

A convite das responsáveis pelo templo, participaram do evento a Procuradora de Justiça Maria Bernadete, Coordenadora do GT Racismo do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a Deputada Estadual Teresa Leitão (PT), o Secretário Executivo do Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CEPIR), Jorge Arruda e a Capitã PM Lúcia Helena, Coordenadora do GT Racismo PMPE, demonstrando que as instituições estão primando pelo respeito a todas as religiões, bem como, estão engajadas no combate ao Racismo e à intolerância religiosa.
Cap Lúcia Helena, Vera Baroni, Coordenadora da Rede de Mulheres de Terreiros e Procuradora Bernadete



GT ministra palestra sobre Racismo na Escola José Vicente / Ipsep


No dia 08 de Outubro de 2013, a convite da equipe de policiais militares que desempenha trabalhos comunitários no 19º BPM, a exemplo dos Soldados Jozivan e Ebson, o GT Racismo, na figura da Capitã PM Lúcia Helena, ministrou uma palestra sobre Racismo nas Escolas para os alunos do 3º ano B da Escola José Vicente, localizada no Ipsep.

Na oportunidade, foi tratada a questão da situação da população negra no Brasil, historicamente falando, foi tratado sobre o que é racismo e injúria racial, como esses crimes se manifestam, assim como, foi falado sobre a Lei nº 10.639/2003 que determina que a história e a cultura africana e afro descendente sejam ensinadas nas escolas de ensino fundamental e médio. Lei esta que até o presente momento, após 10 anos de existência, ainda não foi plenamente efetivada nos estabelecimentos de ensino.





SDS promove palestra sobre atendimento às pessoas com deficiência


A Secretaria de Defesa Social (SDS), por meio do Núcleo de Prevenção à violência (NUPREV), organizou uma palestra para os profissionais que compõem todos os órgãos operativos da secretaria com o tema do correto atendimento às pessoas com deficiência.

A palestra aconteceu na última quinta-feira, 31 de outubro de 2013, no auditório da SDS e contou com vários palestrantes, a exemplo do Sr. Paulo Fernando, pessoa com deficiência visual, Presidente da Associação Pernambucana de Cegos, que falou sobre as dificuldades que enfrenta nas ruas com a Polícia Militar e com demais transeuntes; contou com a explanação de Waldemar e Raimundo, policial militar e policial civil, respectivamente, que passaram a ser cadeirantes após sofrerem acidentes ocorridos em ato de serviço, acidentes estes que nenhum de nós está isento.


Ouvimos ainda a palestra da papiloscopista Laudicéia, policial civil que abordou o tema da identificação papiloscópica e como isso pode ser realizado em pessoas que tem os membros superiores amputados; e vimos a palestra, que foi traduzida por uma intérprete, do Sr. Geovanne Salles, pessoa com deficiência auditiva, mais conhecido como surdo, integrante do Tampopo, programa internacional que visa informar os surdos a cerda da prevenção da AIDS e demais doenças sexualmente transmissíveis, que também falou sobre as dificuldades que o surdo enfrenta nas ruas, nos ônibus e em diversas situações com a Polícia Militar, Civil e com os Bombeiros.


Resumidamente:

O termo correto para tratar as pessoas com deficiência é este "PESSOAS COM DEFICIÊNCIA", afinal, a deficiência é algo que não se pode deixar de lado por um instante e depois portá-la novamente. Muito menos as pessoas com deficiência são inválidas, sendo incongruente chamá-las de deficientes. Não é porque a pessoa tem uma deficiência que ela não serve para nada. Muito pelo contrário, conhecemos inúmeras pessoas com deficiência que realizam trabalhos importantíssimos para si mesmos e para a comunidade em geral.

Quando encontrar um cego na rua, não vá logo pegando nele e conduzindo ele para um local qualquer. Não é porque o cego está parado na rua que ele está precisando de ajuda. Portanto, primeiro o cumprimente e PERGUNTE SE ELE ESTÁ PRECISANDO DE AJUDA. Se ele utilizar uma bengala, nunca segure nesse instrumento. Para a ajuda na condução da pessoa com deficiência visual, o policial ou transeunte deve oferecer o ombro para que o cego se apoie e siga com ele. No caso da pessoa que ajuda ser muito alta, o cego poderá segurar no seu braço.



Quanto à mobilidade, é necessário se conscientizar para não estacionar carros e viaturas nas calçadas, pois isso impede a passagem das pessoas, dificultando ainda mais a vida dos cegos e das pessoas com deficiência motora, principalmente as que utilizam cadeiras de rodas.
PM de São Paulo estaciona em vaga especial
É necessário se conscientizar também quanto ao estacionamento em vagas destinadas especificamente para pessoas com deficiência. Tem uma infinidade de pessoas sem deficiência que estacionam seus veículos nas vagas destinadas às pessoas com deficiência, uma verdadeira falta de respeito e de educação. Pense nisso! Aquela vaga pode estar disponível, mas quem tem o direito de ocupá-la é uma pessoa com deficiência e não qualquer pessoa.

Tratemos com respeito e camaradagem todos aqueles policiais que foram acometidos de acidentes que os deixaram "dependentes" de cadeira de rodas. Vamos primar pela acessibilidade nos quartéis, nas delegacias e demais órgãos que lidam com a segurança pública, garantindo a plena mobilidade das pessoas com deficiência que procuram ajuda nesses setores, assim como, respeitar as vagas destinadas a elas nos estacionamentos desses departamentos.

O Governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, neste ano de 2013, sancionou um projeto de lei que torna facultativa a ida para a reforma (aposentadoria compulsória) de profissionais que adquiriram algum tipo de deficiência. Portanto, precisamos nos acostumar em conviver com essas pessoas no nosso ambiente de trabalho que também será um ambiente deles.

Quanto às pessoas com deficiência auditiva, é importante compreendermos que em diversas situações em que eles não acatam as nossas ordens, não se trata de desrespeito ou desobediência, o fato é que ELES NÃO ESCUTAM NOSSAS ORDENS, nem agem como os ouvintes diante de situações de perigo. Se ninguém explicar a eles o que está acontecendo, eles vão ficar "voando" mesmo.
É importante que não tratemos os surdos com ignorância, impaciência, truculência, etc., pelo fato deles não terem obedecido uma ordem verbal nossa.

Geovanne citou um exemplo: Após um dia cansativo de trabalho, ele estava no ônibus voltando para casa e aproveitou para dar um cochilo. Alguns policiais militares entraram no ônibus e ordenaram que todos descessem para que uma abordagem de praxe fosse executada. Como Geovanne é surdo, não percebeu nada do que estava acontecendo e continuou dormindo. Um policial o abordou com ignorância, bastante nervoso e bravo, segundo ele. Mesmo Geovanne indicando em LIBRAS que era surdo, o policial continuou bravo com ele e foi logo fazendo uma abordagem. Depois de concluída a abordagem, o policial foi embora e não sinalizou para Geovanne que a abordagem já havia terminado. Ele ficou na posição de abordagem por um longo tempo, haja vista que estava de costas para o PM e não viu quando o mesmo se afastou.

Para prestar um serviço satisfatório à sociedade, é importante que saibamos lidar com todas as pessoas que compõem a nossa comunidade. Entre elas estão as pessoas com deficiência.
Outra coisa que eles muito nos orientam é que muitas vezes os policiais olham para um cadeirante ou uma pessoa com outra deficiência qualquer e pensa que ele é um "coitadinho", demonstrando pena. Mas não podemos esquecer que as pessoas com deficiência são como quaisquer outras. Algumas são honestas, pessoas de bem e outras não. CUIDADO! DEVEMOS ABORDAR TODOS SEM DISTINÇÃO! Uma pessoa numa cadeira de rodas pode estar escondendo uma arma ou mesmo pode tomar a arma de um policial no momento da abordagem. Pensem nisso!!!